Junto com o teatro e a dança, na Índia a musica é sem duvida a actividade mais importante. Presente em todo o tipo de actos, é tão importante socialmente que elimina qualquer discriminação por razão de sexo, classe social ou casta, etnia ou religião. Se o músico ou cantor, homem ou mulher, é bom profissionalmente, não importa que seja budista, muçulmano ou cristão. Nas gentes que trabalham no mundo da música, a sua ideologia política ou religiosa fica em muito último termo. O que importa é a sua arte, que prevalece sobre todo o demais. Mesmo se perdoa que um bom músico ou cantor mude de religião ou de grupo político.
Por outra parte, a arte musical Indiana decorre por caminhos muito diferentes aos de outras culturas. Tem distinta notaçom musical e os símbolos musicais som outros. Porque também os instrumentos musicais, sobre os quais hoje falo no meu artigo, som próprios da Índia. Som peculiares deste grande país e nom aparecem noutras culturas e menos em Ocidente, algum que outro como a flauta (Bansuri) ou o violino e o harmonium. A riqueza da música indiana e dos instrumentos com que se toca é impressionante. Mais ainda, se somarmos aos mesmos as múltiplas variedades instrumentais das culturas dos povos tribais, que aqui muito abundam, como os Santales, os das ilhas do Índico e os situados ao norte do Estado de Assam, já no limite com a China.
Seguindo a classificação ocidental habitual de instrumentos de percussão corda e sopro, encontramos no subcontinente indiano um bom número deles, dos quais, como é natural, fazemos uma escolha dos mais destacados e importantes. Num pequeno artigo seria impossível incluir todos e sempre ficaria no tinteiro algum. Eis a nossa listagem:
1. De percussão : O mais popular e conhecido é a Tabla, típico no norte do país e, mais em concreto, em toda a Bengala (oriental e ocidental). Aprender a tocar bem a tabla, igual que a maioria de instrumentos indianos, leva muitos anos de aprendizagem e treino. Também do norte da Índia é o Pakhawaj (o j deve pronunciar-se como lh ou y grego e o h sempre aspirado) e a Nakkara. No sul da Índia temos o Ghatam, o Mridangam, o Thavil e a Khanjira. No Estado de Kerala destacam a Edakka, a Chenda e o Mizhavu. Em Karnataka o Sambal, o Karadi e a Tala. Em Rajastham o Morchang, o Bhapang e o Khartal. Noutros estados e territórios, sem contar os das tribos, temos o Dimdi, o Dholak, o Badangshi, o Maam, o Pung, o Mandar de Bihar, o Dup de Andhra Prodesh, o Karadi Majalu e a Tayambaka.
2. De corda: Os mais famosos instrumentos indianos som os de corda, em que destacam os músicos mais virtuosos como o grande Robi Shonkor de Bengala. Na minha biblioteca particular de Ourense tenho em CD quase toda a sua obra e é um prazer escuitar as suas ragas tocadas com o Sitar. Este instrumento é, por isso, o mais conhecido. Ao escutá-lo, transmite paz e serenidade. Mas, pelos quatro cantos da Índia, encontram-se muitos outros instrumentos de corda também excelentes. Em Bengala destacam a Ektara, de uma corda, e a Doktara, de duas, que usam os músicos ambulantes chamados Bauls. Estám ainda o Sarod, a Vina, com as três variedades de Rudra, Pulhavam e Vichitra Vina, o Sarangui, o Santur, a Tampura, o Rabab, a Chikara, o Banam, o King, a Pena, o Sindih Sarangui, a Kamaicha, a Sarinda, a Ravanhatta, o Gottuvadyam e o Violino.
3. De sopro: Finalmente, de sopro convém destacar especialmente a Bansuri (flauta), da qual existem muitos músicos virtuosos indianos. Também o Sanai, espécie de pequena trompete, o Nagaswaram, o Sundari, a Mukhvina, o Narh, a Algoza, o Pavri, o Pungui, o Shankh, o Khangling, o Mashak, o Surnai, a Bankia, o Khung, o Bans, o Mohuri, o Kol, a Ransinga, o Harmonium e o Limbu. A destacar a presença também da gaita-de-foles indiana, instrumento muito antigo, que nos lembra o nosso nacional galego. E convém assim mesmo sublinhar que a música árabe, e também a persa, teve muita influência, na época dos mogóis, na música indiana.